27/10/2009 - 20:58

Três obras para a eternidade

 
Escritor de apenas 10 anos deixou três obras e um legado literário

Foto: Tiago Lermen/UPF
Lançamento reuniu familiares, amigos e convidados durante a Jornada de Literatura
Quando a ideia da história entrava em ebulição na mente no pequeno Roberto Pirovano Zanatta, sua habilidade com o teclado do computador ainda não acompanhava sua avalanche literária. Era preciso recorrer à mãe para digitar as frases da obra. Assim era Roberto, um menino irrequieto e inteligente. Autor de três livros infantis, todos pela UPF Editora, ele morreu aos 10 anos vítima de um tumor cerebral em 19 de novembro do ano passado. Suas obras foram lançadas oficialmente nesta terça-feira, 27 de outubro, na 13ª Jornada Nacional de Literatura, em Passo Fundo/RS, com a presença de familiares e convidados.

Aos 8 anos, o menino publicou o livro “O explorador e suas aventuras”, uma história recheada de peripécias, personagens que encolhem, ilhas perdidas, monstros e até uma missão secreta. Desafiado pela coordenadora das Jornadas Literárias Tania Rösing, o pequeno escritor foi além. Dois meses depois da provocação surge “O caça-monstros”, onde o barbudo Pip é o destaque. A paixão pelos contos misteriosos fez o menino publicar “Mr. Xadrez”, uma investigação relacionada ao desaparecimento de um anel com um diamante de 80 quilates.

Apesar de parecer muito para uma criança de apenas 10 anos escrever três livros, isso não está nada relacionado com o filho de Raquel Pirovano e Cláudio Zanatta e o irmão da Rafaela. Ele já estava com mais quatro obras (uma delas sobre guerra e outra sobre seu convívio hospitalar) em andamento e mais dois contos de mistério quase finalizados. “Ele era um menino das artes. Fazia esculturas também”, lembra a mãe. Raquel recorda que o talento de seu filho era tanto, que mesmo digitando as ideias de Roberto não havia como interferir nos textos. “Se eu queria mudar algo, logo ele dizia: quem é o escritor? Eu ou você?”?, sorriu com um ar de orgulho Raquel.

Para o pai, o lançamento das obras foi um momento de muita emoção. “É complicado e profundo. Ao mesmo tempo que é um orgulho para nós esse filho que não temos mais, ver todas essas crianças nos faz lembrar muito dele”, comentou Cláudio. Ele recorda ainda que mesmo nos momentos mais difíceis ocasionados pela doença, o seu filho nunca se queixou. “Isso serve para mostrar quem foi Roberto e também como exemplo para as outras crianças”, concluiu.

O exemplo já foi assimilado
E a missão do pequeno escritor realmente já deu frutos. Eduardo Pereira, 9 anos, aluno da 3ª série do Instituto Educacional de Passo Fundo entendeu a mensagem. “Ele era muito inteligente. È a primeira criança que eu vi escrever três livros”, afirmou, com a mochila na cabeça, o estudante.

A professora Tania fez questão de participar do lançamento. “A vida é feita daquilo que nós vivenciamos. Esses três livros aqui demonstram que ele era uma pessoa muito especial, que gastou o tempo escrevendo, sendo um exemplo que a família soube estimular”, declarou a coordenadora das Jornadas.

Segundo a família, existe a possibilidade da contratação de uma pessoa para finalizar as obras já iniciadas. Além disso, Raquel fez questão de ressaltar que será criado um instituto de estímulo à leitura e à escrita, com o nome no seu filho, para a rede pública escolar.

Assessoria de Imprensa Jornadas Literárias