27/10/2009 - 21:55

Emoção, a tônica de um lançamento do autor ausente

 
Pietro, filho do deputado federal Beto Albuquerque, escreveu uma ficção policial enquanto lutava para vencer a leucemia. O pai foi à luta para encontrar meios de salvar pessoas que sofrem da mesma doença

Foto: Tiago Lermen/UPF
Familiares e convidados durante o lançamento de “Quem tem coragem?”
Duas coisas já eram esperadas no lançamento do livro “Quem tem coragem?”, de Pietro Albuquerque: a voz embargada e as lágrimas. Escrita durante os 13 meses de calvário do jovem de 19 anos e seus familiares contra a leucemia mielóide e na busca por um doador compatível, a obra com pouco mais de 500 páginas, da UPF Editora, é uma trama policial ficcional que tem como público principal os jovens.

A ausência do autor, vitimado pela doença em fevereiro deste ano, no lançamento oficial do livro, nesta terça-feira, 27 de outubro, num dos espaços reservados para autógrafos da 13ª Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo/RS, trouxe à tona a emoção. Durante o agradecimento, o pai do jovem, deputado federal da bancada gaúcha, Beto Albuquerque, até quis resistir ao sentimento. Segurou a fala, tentou respirar, mas o ar parecia não vir e a garganta parecia fechada. Chorou abraçado ao ombro da coordenadora das Jornadas, professora Tania Rösing, também autora do prefácio do volume.

Os suspiros também ecoaram na mãe, nos avós, na própria Tania e em diversas pessoas presentes. Logo depois da solenidade, em Rafael. Contido no momento de falar sobre o livro e o legado deixado pelo irmão, abraçou os amigos, chorou e comentou: “Aprendam com a obra dele. Ela é inacreditável.”

Segundo a mãe, Débora Gellati, Pietro já tinha organizado tudo antes de morrer. Deixou a arte da capa pronta, o texto da contracapa finalizado e até a sua própria biografia escrita. “Ele projetou tudo como ele queria que fosse, até as particularidades do lançamento”, destacou Débora.

Lei Pietro para salvar vidas
Oito meses depois de sepultar o filho, Beto continua tentando curar a ferida e sua luta agora é incentivar as doações de medula óssea para salvar vidas. “Se tivéssemos um doador compatível, ele poderia estar aqui lançando o seu próprio livro. Apesar disso, tenho certeza que ele está entre nós, neste momento”, afirmou Beto. O deputado criou a Lei Pietro (11.930/2009) que busca difundir na sociedade a doação de medula óssea. “Quem doa é um verdadeiro herói, que vai poder dizer que realmente salvou uma vida”, destacou o legislador. De acordo com ele, atualmente são cerca de 10 mil casos semelhantes ao do seu filho no país.

Tania deu seu depoimento emocionado sobre o jovem escritor, que já havia lançado outra obra na Jornada passada. “A vida só vale a pena pelas obras que ficam. Não adianta viver 100 anos sem ter ocupado o tempo com coisas importantes. Pietro foi pleno, ele teve uma vida abundante.”

Assessoria de Imprensa Jornadas Literárias