28/10/2009 - 16:55

A performance cênica e a contação de histórias

 
Roberto de Freitas e Liliana Cinetto encantaram o público com suas histórias e a discussão sobre O texto escrito que vira texto oral: a performance cênica

Foto: Claudio Tavares/UPF
Seminário tem a intenção de mostrar técnicas a serviço da contação de histórias
O segundo dia do Seminário Internacional de Contadores de Histórias, evento que acontece pela primeira vez durante a programação das Jornadas Literárias de Passo Fundo, versou sobre a performance cênica e a contação de histórias. O seminário termina nesta sexta-feira (30), no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis. O objetivo é mostrar técnicas a serviço da contação de histórias, considerada uma importante prática na formação de novos leitores e na divulgação da literatura.

Para trocar experiências sobre o tema deste segundo dia, os convidados foram Roberto de Freitas, considerado um dos melhores contadores de história do Brasil, destacando-se também pelos trabalhos de pesquisa sobre histórias e cantigas da tradição oral; e a argentina Liliana Cinetto, professora, contadora de histórias e escritora. O coordenador do seminário Celso Sisto foi o mediador da conversa.

Freitas, o primeiro conferencista, falou de sua relação com o teatro e a relação das histórias com o teatro. De acordo com ele, no teatro, normalmente, conta-se a história em primeira pessoa, que passa para terceira pessoa quando contada oralmente. “Essa espontaneidade me atraiu, penso que a contação de histórias é a arte do espontâneo. No teatro, ao contrário, é preciso o ensaio, a narração”, pontuou. Ele enfatiza que sua principal fonte de histórias é o Vale do Jequetinhonha. “Conto histórias que me foram contadas, porque o que me interessa é a sonoridade de quem me conta”.

O palestrante lembrou ao público que a história só acontece se houver o ouvinte, por isso, a comunicação deve ter leveza. “O contador de histórias só consegue encantar se ele for verdadeiro, autêntico, principalmente com o público infantil. As crianças são ‘levadas’ pelo contador se confiarem nele”, sentenciou.

A explanação de Liliana começou por uma história do livro “Como surgiram os seres e as coisas”. Ela trouxe um questionamento peculiar aos participantes do seminário, sobre quais limites éticos deve ter um narrador ao transpor um texto literário para a oralidade. De acordo com Liliana, há diferenças entre contar um conto popular ou um conto literário. “No primeiro, o que importa é contar. Já no conto literário importa a forma como estou contando. Não se pode esquecer as palavras que foram utilizadas pelo autor”, argumentou.

Programação
A programação do seminário segue neste dia 29, com o tema O texto escrito que vira texto oral: o uso de elementos externos, com a diretora e atriz Fátima Café, da Cia. Café de Teatro e Música, e o espanhol Juan Gamba, ator, contador de histórias, diretor teatral e palhaço. Na sexta-feira, dia 30, será realizada uma mostra de contos. Os participantes do evento estão tendo também a oportunidade de participar de oficinas, que seguem até esta quinta-feira.

Assessoria de Imprensa Jornadas Literárias