30/10/2009 - 15:03

Livros: o alimento da imaginação

 
O escritor e matemático Carlo Frabetti foi o conferencista da quinta noite da 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo

Foto: Tiago Lermen/UPF
Frabetti: “A leitura é um autêntico oásis”
“A leitura desperta e estimula a imaginação mais do que qualquer outro exercício mental. Estamos acostumados a ler que não nos damos conta do enorme prodígio que representa a leitura”. A afirmação é do matemático e escritor italiano, que atualmente reside na Espanha, Carlo Frabetti. Ele participou da 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo falando sobre o tema “A indústria cultural e a formação de leitores”.

Para ele, a indústria da cultura e os meios de comunicação estão intimamente ligados. Frabetti denomina de “indústria da incultura” e “meios de incomunicação”, já que, segundo ele, o modelo que se apresenta hoje não favorece o desenvolvimento intelectual e a comunicação entre as pessoas. “A leitura é um autêntico oásis onde as crianças vão encontrar mensagens e estímulos diferentes do que os meios audiovisuais propõem continuamente, sobretudo a televisão”. E condena: “Somos bombardeados por estímulos que em última instância são publicitários, temos uma televisão em que a publicidade é abusiva e que tenta nos convencer de que para sermos felizes temos que consumir muito. As principais vítimas desse pensamento são as crianças que não têm critérios suficientes para analisar”, disse.

O conferencista, que já publicou mais de 50 livros, afirma que quando escreve para crianças, uma de suas principais preocupações é com o trinômio leitura-imaginação-identidade. Isso porque entende que a construção da identidade dura por toda a vida, mas é mais significativa na infância. Entretanto, na medida em que a criança descobre que não pode ter tudo o que deseja, tende a compensar essas frustrações com a imaginação, essa que, conforme Frabetti, precisa ser trabalhada. E o principal alimento para isso são os contos infantis, com seu papel de ajudar a criança a estruturar sua memória, aliviar suas angústias e temores e alimentar a imaginação para que possam elaborar as próprias fantasias e reflexões.

O autor ressaltou que sempre recomenda aos jovens leitores que não deixem seus textos para navegar pelo ‘liberespaço’. “Os livros se conectam entre si, formam uma rede que cada leitor organiza a sua maneira”. Todavia, avisa que não considera os audiovisuais inimigos. “Não devemos crer que os inimigos da leitura são os meios audiovisuais. A televisão é um instrumento magnífico, a importância da internet é extraordinária O problema não são os meios, mas os conteúdos. Não estamos lutando contra os meios, mas contra uma sociedade de consumo”, pontuou.

Sobre a construção da identidade, Frabetti lembrou que apesar de ser um processo inconsciente, depende também do meio exterior. De acordo com o palestrante, os pequenos constroem atualmente a sua identidade num mundo de cultura patriarcal e repressiva e são estimulados a assumir modelos convencionais em tempos de sapatos de salto alto, de rambos e de barbies. “As crianças somente encontrarão nos livros diferentes ideias para relativizarem os conceitos da normalidade”, finalizou, observando que, quando escreve, busca transmitir prazer e emoção na aventura pelo conhecimento.
Sobre a Jornada de Literatura, Frabetti agradeceu pela oportunidade de participar. “Vi poucos eventos como este em minha vida. A Jornada ficará para sempre em meu coração”.

Assessoria de Imprensa Jornadas Literárias