30/10/2009 - 16:21

Autores à frente de seu tempo encerram o encontro dos clássicos


Foto: Cláudio Tavares/UPF
Eduardo Faria Coutinho traz os clássicos Machado de Assis e Guimarães Rosa

Depois de Euclides da Cunha, literatura infantil, Villa Lobos, Bandeira, Drummond e Cabral o tema da vez foi Machado de Assis e Guimarães Rosa: olhares para além de seu tempo. Encerrando as atividades do 3º Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras neste dia 30 de outubro, Eduardo Faria Coutinho tratou dos autores que foram além do seu tempo e se destacaram na forma de ver o mundo.

O conferencista Eduardo Faria Coutinho, estudioso da literatura comparada, abordou em suas falas a semelhança que os escritores à frente de seu tempo tiveram. O que mais os assemelha, além do fato de lançarem olhares sobre as coisas que os permitiam antecipar-se no tempo, é o fato de usarem em seus textos os olhos como um elemento sempre presente. Machado de Assis fala dos olhos de Capitu em várias oportunidades, já para Guimarães Rosa, a visão sempre tinha sido fundamental na vida e obra, tanto que foi velado de óculos.

Machado de Assis tem uma obra que relativiza os fatos narrados. Em Dom Casmurro, por exemplo, aborda o quadro crítico completo da sociedade carioca no II Reinado e de forma geral todos os aspectos da sociedade. Contempla ainda questionamentos ao sistema filosófico da época, criticando indiretamente esse sistema em Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas. Machado de Assis criticava, ainda, os padrões da produção literária, aos quais tinha subversão, tanto que revelou aspectos representativos da mulher. Sua obra consiste principalmente em incertezas, ambiguidades e nebulosidade. Essa característica prende o leitor e o submete à reflexão.

Com um pensamento relativamente semelhante, Guimarães Rosa, tinha o mesmo propósito de provocar o leitor e induzi-lo à reflexão. Rosa é um dos autores brasileiros mais reeditados e traduzidos no exterior e membro da 3ª geração modernista brasileira. Em suas obras eliminou a conotação adquirida com o tempo. Rosa tinha a produção à frente de sua época, tanto que acabou com os estereótipos, desmistificando a ótica pecaminosa das prostitutas dando ares inocentes e a ótica idealizada da mulher santa e perfeita dando ares de pervertidas.

 


Assessoria de Imprensa Jornadas Literárias