“Quem vai fazer o bolinho de bacalhau pra eu congelar?”. Exatamente por perguntas como esta da sua prima, que a engenheira civil Sônia Loguercio escreveu o livro “A guardiã dos sabores” (Editora Berthier), autografado por ela, nesta sexta-feira, 30 de outubro, durante a programação da 13ª Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo/RS.

A obra é uma mistura bem afinada entre 70 receitas e 29 histórias reais que, é claro, envolvem algumas das especialidades gastronômicas apresentadas no livro. Segundo a autora, o trabalho tem a intenção de não deixar se perderem as referências culturais do passado. “A memória gustativa é a melhor de todas. Quando as famílias migram se perdem as receitas e, consequentemente, as histórias por trás delas. Por isso, esse livro de histórias de receitas relacionadas com comida tem o papel de repassar o que foi feito pelas nossas mães, nossas avós”, garante Sônia.

O conteúdo dessa combinação de letras e sabores provém de viagens, cidades e países por onde a engenheira apaixonada por cozinhar e receber amigos na sua casa passou. De Pelotas são os fios de ovos, de Panambi as comidas alemãs, da Áustria a torta preferida de Sigmund Freud, da Espanha o leitão assado. “Quando fazemos as receitas, voltamos à memória daquele lugar por onde passamos ”, ressalta.

Para Sônia, cada vez mais está se perdendo o hábito das refeições em família, o que faz com que as histórias não sejam mais repassadas aos mais novos. “Para que não se percam essas histórias, quem vai contá-las? Não se tem mais o costume da refeição com todos à mesa, é só fast food”, comenta. Para conseguir alguns dos pratos, ela adota a tática de ir até a cozinha do restaurante, onde a comida chamou a sua atenção, e pedir a receita.

Para quem ficou curioso com as receitas e histórias, segue logo abaixo um dos pratos mais tradicionais de Portugal e que é servido em casamentos naquele país.

Bacalhau à noiva

-Bacalhau cortado em quadrados, não muito pequenos e já dessalgados
-Batatas cortadas em palitos grossos e fritos
-Cebola
-Ovos
-Azeite de oliva e óleo

-Fritar as batatas
-Colocar o bacalhau em água fervente durante dois minutos
-Bater as claras em neve, passar aí os pedaços de bacalhau e fritá-los em óleo bem quente
-Cortar as cebolas em rodelas finas e fritá-las em azeite de oliva e sem deixá-los demasiado
-Fazer um mingau com as gemas, 250 ml de leite, duas colheres (sopa) bem cheias de farinha de trigo, sal, pimenta de um pouco de nós moscada.
-Colocar num refratário as cebolas no fundo, as batatas em seguida e os pedaços de bacalhau.
-Cobrir com o creme
-Levar ao forno durante uns cinco minutos
-Servir em seguida polvilhado com salva picada e azeitonas sem caroço.