A arte de ler, escrever, contar e escutar histórias no primeiro debate da 12ª Jornada Nacional de Literatura
28/08/2007 - 19:47
O painel “Leitura da Arte” abriu os debates da 12ª Jornada Nacional de Literatura, que acontece até sexta-feira, dia 31, em Passo Fundo.
Foto: Claudio Tavares
Entre os temas da primeira tarde de debates, destacaram-se a leitura, as relações entre ler e escrever, as diferentes formas de ler e de sentir o livro

A leitura, as relações entre ler e escrever, as diferentes formas de ler e de sentir o livro e os caminhos que levam ao mundo das letras foram alguns dos assuntos tratados na mesa que inaugurou o palco de debates da 12ª Jornada Nacional de Literatura na tarde desta terça-feira, dia 28, em Passo Fundo. Participaram o escritor e dramaturgo cubano Reinaldo Montero, o secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) José Castilho, e os coordenadores dos debates Alcione Araújo, Júlio Diniz e Ignácio de Loyola Brandão. O ilustrador Rui de Oliveira, homenageado nesta edição da Jornada, recebeu o Troféu Vasco Prado e acompanhou, do palco, as discussões.

Pensando no tema do debate, Leitura da Arte, Reinaldo Montero contou que tentou chegar a uma definição do que é ler. “Ler é perceber e compreender signos gráficos. Ler é inferir, descobrir intenções e atitudes e, por conseqüência, associar. Ler é uma ação pessoal”. Ele acredita que comer é um ritual parecido com ler. “Comer, beber, alegrar-se é ler. E a degustação, ademais, é um trabalho complexo”. E completa: “A arte de ler se compara à amizade e ao amor. Diga-me o que lê e te direi quem é”.

José Castilho, secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL) e professor universitário, contou sua trajetória por entre os livros. Ele já teve uma livraria, já foi editor da Editora da Unesp, já dirigiu a Biblioteca Mario de Andrade em São Paulo e agora cuida do PNLL. Sobre a festa de Passo Fundo, comentou: “Jornadas como essa, que o PNLL quer ver multiplicadas pelo País, recuperarão o Brasil pela via da leitura”. Ele disse ainda que não basta apenas comprar livros. “Devemos formar mediadores para que esses livros cheguem aos leitores”.

O coordenador deste debate, Alcione Araújo, propôs aos demais escritores que contassem como foi a experiência que os levou a escrever. Ignácio de Loyola Brandão foi o primeiro e disse que não seria escritor se não tivesse sido leitor. Além de ter herdado a biblioteca do pai com mais de 900 títulos, ele tinha a tarefa de reescrever livros na época da escola. Foi o pai também que o apresentou ao dicionário e deu a primeira lição de escrita: “Se for escrever, escolha a melhor palavra para sua frase”. Loyola considera a literatura como “vingança”. “Nós fazemos literatura para nos vingarmos das condições de vida, dos nossos complexos, das rejeições, desejos e sonhos não realizados”. Sobre o tema do painel, ele disse: “Arte da leitura é ler onde o escritor não escreveu. É saber ler o espaço vazio construído pelo autor”.

Julio Diniz voltou no tempo e contou que se tornou leitor ouvindo as lendas e histórias da bisavó índia, narradas em guarani. “Eu me tornei um leitor a partir do ouvido. Sou um leitor formado por um pai que era funcionário público e que comprou a coleção do Monteiro Lobato para eu ler, e por uma bisavó bruxa, louca e que falava uma língua que eu não me lembro mais”, disse Julio Diniz.

Alcione Araújo contou que em sua casa tinham o costume de se reunir aos sábados para discutir o que estavam lendo, coisa rara. E falou de sua influência para que sua filha enveredasse pelos lados da leitura. “Eu contava histórias para um bebê que eu ainda não conhecia. Depois que ela nasceu e chorava à noite (e não queria mamar), eu a pegava do berço ainda chorosa e era só dizer ‘era uma vez’ que ela parava de chorar”.

Mais informações com Ivani Cardoso e Maria Fernanda Rodrigues (Lu Fernandes Escritório de Comunicação) e Maria Joana e Cristiane (assessoria de imprensa da UPF) pelo telefone (54) 3316-8110/8142